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Macron anuncia que França doará Mirage 2000 à Ucrânia

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No decorrer de uma conversa transmitida nos canais TF1 e France 2, o líder francês, Emmanuel Macron, causou espanto ao divulgar que concederia aviões de combate Dassault Mirage 2000-5 à Ucrânia.

”Será divulgado amanhã a disponibilização dos Mirage 2000-5 que possibilitarão a Ucrânia de resguardar seu espaço aéreo. Vamos introduzir programas educacionais. A França está estabelecendo uma aliança com diferentes colaboradores. O elemento crucial é a duração do treinamento. A meta é concluir tanto a entrega dos aviões quanto os cursos até o término do ano”, declarou Macron.

No mês de setembro do ano de 2023, Sébastien Lecornu, o líder do Ministério das Forças Armadas, confirmou que o fornecimento de aviões de combate Mirage 2000D (modelo de assalto de precisão à superfície) não fazia parte dos planos governamentais nem constava entre as demandas expressas por Kyiv.

Ao invés disso, era mais produtivo persistir na incorporação e oferta de armamentos sofisticados como as bombas A2SM ou os mísseis de cruzeiro SCALP em aeronaves ucranianas do modelo Su-24 e MiG-29. Esses conjuntos demonstraram desempenhos extremamente favoráveis, conforme divulgado pelo portal aliado Aviacionline.

Ademais, levando em conta que a Força Aérea da Ucrânia precisa se dedicar significativamente para transitar dos jatos soviéticos para os F-16 (o que levou Kyiv a rejeitar, por enquanto, a proposta sueca dos JAS-39 Gripen), a inclusão de aeronaves Mirage 2000-5 não parece viável, considerando que isso implicaria em integrar uma logística distinta e mais onerosa do que a do avião de combate americano.

De onde virão os jatos de guerra prometidos por Macron? Segundo o portal francês de defesa, Zone Militaire, a França atualmente possui aproximadamente vinte jatos de combate Mirage 2000-5, divididos entre o grupo de jatos 1/2 Cigognes e o esquadrão de jatos 3/11 Corse, com sede em Djibouti. Esses representam entre 13% e 15% da força de combate da Força Aérea e Espacial francesa, que foi obrigada a vender parte da sua frota de jatos Rafale para a Grécia e a Croácia, enquanto aguarda substitutos. Essa é uma perda importante, que pode levar à dissolução de um dos grupos de jatos mencionados.

Ademais, para que os Mirages façam a diferença no conflito, precisariam ser enviados para a Ucrânia em quantidades consideráveis. Para alcançar essa meta, Paris poderia tentar comprar uma quantidade específica de aeronaves da Grécia e do Catar, ambos retiraram recentemente seus Mirage 2000-5 de serviço e buscam interessados para comprar parte ou totalidade de suas frotas.

Enquanto Doha sustenta uma relação pacífica com Moscou e outros grupos terroristas, existe uma possibilidade maior de Atenas estar mais propensa a apoiar Macron em seus planos de ter jatos franceses carregando o emblema ucraniano, apesar de possivelmente envolver os Mirage 2000 mais degradados entre as três possíveis origens.

Uma outra questão que causa inquietação é a formação. No momento, pilotos da Ucrânia estão na França fazendo treinamentos em jatos Alpha avançados e o líder francês sugeriu ao seu par ucraniano que esses indivíduos continuem a residir no país para obterem uma formação extra no Mirage 2000-5.

”O fator crucial é o período de treinamento dos pilotos. Planejamos sugerir ao presidente Zelensky que a capacitação dos pilotos ocorra neste verão. Geralmente, demora entre cinco e seis meses. E queremos que, até o final deste ano, tenhamos pilotos e aviões preparados”, afirmou Macron durante a entrevista.

Apesar de muitas capacitações serem dispensadas, como o abastecimento aéreo, para agilizar a adaptação dos novos aviadores ucranianos ao sistema de armamento francês, meio ano parece um tempo insuficiente para que eles possam assimilar todas as competências necessárias para usufruir completamente do avião e de seus sistemas. Há uma preocupação de mandar para o combate pilotos inexperientes e inadequadamente treinados. Contudo, as demandas da guerra são todas urgentes e não aguardam por ninguém.