Significado da CCMA & MRO no setor aéreo em evento no Rio

Conforme demonstrado pelo AEROIN nas semanas anteriores e, especificamente, nos 3 dias prévios, um acontecimento de grande importância para o setor de aviação comercial da América Latina e do Caribe ocorreu na Barra da Tijuca, localizada na cidade do Rio de Janeiro (RJ), sob a égide da Associação de Transporte Aéreo Latino-Americana e Caribenha (ALTA).

Aproximadamente 600 indivíduos estiveram presentes na conferência ALTA CCMA & MRO 2024, realizada de 3 a 5 de junho, sendo esta a mais vasta e longeva convenção do setor de Manutenção, Reparo e Revisão (MRO) e Aquisições Técnicas da América Latina e do Caribe. Os presentes englobavam representantes de quase todas as companhias aéreas da área (34 empresas), bem como um elevado número de provedores do ramo da aviação (240 empresas).

Nesta versão no Rio, inclusive, registrou-se como a mais volumosa de sempre, com as vagas sendo preenchidas rapidamente assim que se tornaram disponíveis. Participaram Diretores Vice-Presidentes e Líderes de Departamentos de Manutenção e Aquisições Técnicas de empresas aéreas atuantes na América Latina e no Caribe, além de uma expressiva quantidade de provedores regionais e globais de materiais e serviços destinados a tais empresas aéreas.

Então, o que torna esse acontecimento tão desejado e mantém o seu sucesso inabalável por décadas, sem interrupção desde 1963, mesmo durante a crise do Covid-19?

O AEROIN marcou presença neste evento, com o propósito de fornecer aos seus leitores informações adicionais acerca das atividades e eventos que ocorreram durante os três dias do ALTA CCMA & MRO.

O foco principal do evento são os encontros conhecidos como “mini-meetings”, ou seja, “mini-reuniões”. Isso envolve uma admirável série de aproximadamente 2 mil encontros entre companhias aéreas e fornecedores, que ocorrem no curto prazo de dois dias.

A fim de possibilitar esse alto número de reuniões, o procedimento é o seguinte:

Os porta-vozes de várias companhias aéreas se acomodam em suas respectivas mesas, que estão numeradas e organizadas em um amplo espaço.

As sessões são planejadas para ocorrerem a cada intervalo de 10 minutos. Dessa forma, ao chegar a hora de começar, os delegados dos provedores que possuem encontros no primeiro intervalo de tempo entram na sala e direcionam-se para as mesas onde realizarão seus compromissos.

Ao longo de uma duração de 10 minutos, os participantes possuem a chance de conduzir negociações para a aquisição de serviços, componentes, materiais e assim por diante. Assim que o intervalo chega ao fim, os provedores se dirigem à sua mesa programada seguinte para iniciar o diálogo com outra companhia aérea.

A quantidade de fornecedores supera em muito o número de companhias aéreas (240 comparado a 34, conforme mencionado anteriormente), portanto, os fornecedores que não possuem compromissos nesse horário deixam o espaço e aguardam o seu próximo agendamento. Da mesma forma, aqueles que ainda não ingressaram e têm um compromisso marcado para o momento atual entram no cômodo. Este ciclo se repete a cada 10 minutos.

No decorrer do acontecimento, ao dialogar com José Ricardo Botelho, diretor executivo da ALTA, propusemos a seguinte indagação: o que motiva a execução de tantas transações durante as mini-reuniões da conferência, ao invés de serem concluídas no cotidiano das corporações ao longo do restante do ano?

Botelho foi categórico ao salientar: em qual outro lugar é possível organizar vários encontros com um diversificado leque de empresas sem a necessidade de se deslocar até cada uma delas e sem o requerimento de que as agendas de todos coincidam? É uma chance inigualável de ter todos os participantes em um único espaço, disponíveis presencialmente.

Novos pactos são instaurados e finalizados durante o evento em si ou finalizados adiante, do mesmo modo que transações que tiveram seu início prévio são acordadas na conferência. Estamos falando de dezenas de milhões de dólares negociados no breve intervalo de dois dias dessas microsessões.

Porém, não é apenas a reunião física de numerosos participantes do campo que torna a conferência ALTA CCMA & MRO uma vitória contínua. Botelho também esclareceu sobre outras facetas pertinentes que fazem parte do itinerário do evento.

Uma das atividades é a execução de disputas esportivas, visando cultivar a união e a cooperação. No início do evento, os participantes são dispostos em times. Neste evento, as modalidades foram Golf, Vôlei de Praia e Futebol de Areia. As equipes vitoriosas e os jogadores de destaque são honrados em um jantar no dia seguinte. Períodos de intervalos para café, almoço e jantar durante os três dias de evento também desempenham essa função de integrar e criar laços entre os participantes.

Botelho também menciona a pauta acadêmica, que conta com painéis onde peritos da indústria, da ALTA, das companhias de aviação e dos fornecedores discutem elementos como o estado atual do mercado, as previsões para os próximos anos, os desafios presentes e as novas inovações que vêm à tona.

A ordem dos painéis na programação do evento acadêmico ocorreu da seguinte forma:

Carlos Garcia, sócio da equipe de operações funcionais e da prática de transporte e serviços da Oliver Wyman, fornece uma visão abrangente do setor de MRO na região da América Latina e Caribe.

O projeto Girls with Goals da ALTA, voltado para a ampliação da presença feminina no segmento de cuidados com aeronaves na América Latina e Caribe, envolve Santiago Valencia, gestor de manutenção e aquisições técnicas da ALTA, Ana María Persiani, responsável pela gestão de treinamentos da ALTA, Michelle Linale, diretora sênior de comercialização e evolução de negócios da Thales, e Veronica Klein, encarregada de vendas da Safran Cabin.

Os problemas impactando a cadeia de fornecimento e as novas soluções criativas que estão surgindo, com a visão de Wilmer Lopez, diretor regional de vendas do AJW Group para a América Latina, Jeff Nixon, responsável pelas operações da Proponent, Fernando Miwa, diretor executivo encarregado de monitoramento, avaliação e gestão da cadeia de suprimentos da GOL Linhas Aéreas, e Michael James, vice-presidente de operações e colaborações com provedores na Airline MRO Parts.

Antonio Campos, vice-presidente da Mantaer - a Associação Brasileira de Manutenção Aeronáutica, Comandante Alexandre Gandini, que está à frente da engenharia e manutenção da GOL Linhas Aéreas, Marcos Melchiori, encarregado sênior de MRO na LATAM Airlines, Luiz Froes, que ocupa o cargo de diretor executivo regional e vice-presidente de relações governamentais para a América Latina na GE Aerospace, e Plínio Oliveira, o diretor de manutenção da Azul Linhas Aéreas, discutem os desafios e as oportunidades que emergem do MRO no Brasil.

Conforme indicado por Botelho, este programa de estudos favorece um alinhamento aprimorado entre os participantes e suas expectativas, proporcionando um ambiente ainda mais propício para produzir resultados positivos tanto nas mini-reuniões quanto na qualidade das interações empresariais.

Por exemplo, o imperativo de intensificar a colaboração e o intercâmbio de informações entre companhias aéreas e fornecedores foi um dos pontos discutidos no fórum sobre os obstáculos que impactam a cadeia de fornecimento. Isso se alinha com a meta cooperativa dos torneios esportivos do primeiro dia, evidenciando a conexão entre ambos os aspectos mencionados pelo diretor-executivo da ALTA.

A ALTA veiculou toda a programação acadêmica ao vivo em seu canal do YouTube, a qual pode ser revista no seguinte reprodutor de vídeo:

Em síntese, o cronograma do evento de três dias se delineia assim: no primeiro dia, temos disputas esportivas. Na manhã do segundo dia, ocorrem atividades acadêmicas, seguidas por mini-reuniões durante a tarde e prolongando-se pelo dia inteiro do terceiro dia.

Ao mesmo tempo que as tarefas mencionadas anteriormente, há também as assembleias dos Comitês Técnicos e de Aquisições da ALTA, que este ano contou com a contribuição de líderes de 34 empresas aéreas. Durante essas reuniões, esses líderes têm a chance de fornecer sua avaliação cuidadosa para a Análise de Fornecedores, um instrumento eficaz patrocinado pela ALTA que auxilia na localização das principais áreas de oportunidade nos segmentos de aquisições técnicas e MRO na região, assim como as melhores práticas.

Como consequência da Avaliação, os fornecedores de destaque são honrados no banquete de conclusão da conferência, entretanto, os que receberam as notas mais baixas também são contemplados com a chance de compreender os aspectos que precisam aprimorar em seu relacionamento e serviço às companhias aéreas.

Finalmente, durante a tarde do terceiro dia, há um período lúdico e alegre conhecido como “Table Tops” ou “Topos de Mesa”. Neste momento, vários vendedores se posicionam em mesas dentro de um amplo espaço, exibindo uma espécie de feira onde exibem seus produtos e distribuem brindes. O entusiasmo é altamente incentivado, pois esse evento culmina com os delegados das companhias aéreas votando nos fornecedores que apresentaram as mesas mais inovadoras e os melhores displays técnicos.

Tendo vivenciado de perto todas as ações fervorosas dos três dias da Conferência ALTA CCMA & MRO, torna-se evidente a importância desse evento para o transporte aéreo regional, como foi crucial para sustentar o setor durante o impacto da pandemia e como fomenta o progresso contínuo da aviação para os anos que estão por vir.

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